4 Dúvidas Frequentes Sobre o Diagnóstico e Tratamento da Síncope Neuromediada (Vasovagal).

A Reabilitação Autonômica é um conjunto de medidas que visa tratar o desmaio vasovagal, uma condição que pode interferir significativamente na qualidade de vida dos pacientes. Essas medidas incluem orientações dietéticas e comportamentais, manobras de contração muscular, treinamento postural (tilt-training) e exercícios de condicionamento físico.

É essencial que o paciente seja informado sobre a natureza não grave do problema e receba orientações para evitar fatores que possam desencadear o desmaio, como permanecer em ambientes quentes e fechados, ficar em pé por períodos prolongados e usar medicamentos sem orientação médica. É importante que o paciente também seja orientado a estar atento aos sintomas iniciais, a fim de adotar uma postura precavida em relação às quedas.

Outras medidas que podem ser tomadas para prevenir o desmaio incluem dormir com a cabeceira da cama elevada e o uso de meias elásticas. Aumentar a ingestão diária de líquidos é uma das medidas mais importantes para esses pacientes. Além disso, o acréscimo de sal na comida pode ser indicado, mas somente para pacientes que não sofrem de hipertensão arterial nem insuficiência cardíaca.

As manobras de contração muscular, como contrair as pernas ou os braços, podem elevar a pressão sanguínea durante a fase de sintomas que antecedem o desmaio. Esses movimentos são fáceis de realizar, têm benefício clínico comprovado e não têm contra-indicações.

O treinamento postural, também conhecido como tilt training, é uma opção altamente recomendada para o tratamento dos desmaios. Esse programa terapêutico consiste na realização de uma sessão diária de exposição em pé, com o dorso apoiado numa parede, por um período de 30 minutos ou pelo tempo máximo que o paciente conseguir suportar. É importante ressaltar que o tempo de exercício deve ser aumentado progressivamente, dia após dia, para que o corpo possa se adaptar gradualmente à postura ereta.

A exposição frequente à postura ereta proporcionada pelo treinamento postural promove uma espécie de "condicionamento" dos reflexos que controlam a pressão arterial, permitindo que o paciente desenvolva uma maior resistência a fatores desencadeantes de desmaios, como ficar em pé por períodos prolongados. É importante destacar que o tilt training deve ser realizado sob supervisão médica e pode ser complementado por outras opções terapêuticas, como a Reabilitação Autonômica e as manobras de contração muscular.

O tratamento da síncope vasovagal, também conhecida como síncope neuromediada, tem evoluído significativamente com a introdução de novas abordagens terapêuticas, entre elas a cardioneuroablação. Tradicionalmente, a gestão dessa condição envolvia o uso de medicações como a Fludrocortisona e a Midodrina, ambas visando aumentar o volume sanguíneo ou a resistência vascular para prevenir episódios de síncope. A Fludrocortisona, por exemplo, atua retendo sódio para aumentar o volume de fluido no corpo, enquanto a Midodrina, que eleva a pressão arterial ao contrair os vasos sanguíneos, é reconhecida por sua eficácia em controlar os sintomas. Contudo, a disponibilidade da Midodrina é limitada em algumas regiões, incluindo o Brasil, e ambos os medicamentos podem apresentar efeitos colaterais que desencorajam seu uso prolongado.

As medidas comportamentais, incluindo mudanças no estilo de vida e técnicas de biofeedback, permanecem fundamentais no manejo da síncope vasovagal, oferecendo benefícios significativos sem os riscos associados ao tratamento medicamentoso. Essas intervenções focam na identificação e na evitação de gatilhos, na implementação de estratégias para aumentar o tônus ​​vascular e na educação do paciente sobre como reconhecer e reagir aos sinais premonitórios de uma síncope iminente.

Recentemente, a cardioneuroablação emergiu como uma opção de tratamento promissora para casos selecionados de síncope vasovagal refratários às terapias convencionais. Esse procedimento minimamente invasivo utiliza a radiofrequência para interromper seletivamente os caminhos nervosos autonômicos responsáveis ​​pela iniciação dos episódios de síncope. Ao mirar nas fibras nervosas que medeiam a resposta vasovagal inadequada, a cardioneuroablação busca estabilizar a função autonômica do coração, reduzindo a incidência de episódios sincopais.

A cardioneuroablação representa um avanço significativo no tratamento da síncope vasovagal, principalmente para pacientes cujos sintomas não são controlados por meio de abordagens medicamentosas ou comportamentais. No entanto, sua indicação deve ser cuidadosamente avaliada por uma equipe médica especializada, considerando o perfil individual do paciente, a frequência e a gravidade dos episódios sincopais, bem como a presença de condições subjacentes que possam influenciar a escolha do tratamento.

Diante disso, é imperativo que pacientes com síncope vasovagal busquem orientação de profissionais de saúde com experiência no diagnóstico e tratamento dessa condição. A seleção do tratamento adequado deve ser personalizada, levando em conta a eficácia potencial, os riscos associados e as preferências do paciente, para assegurar o melhor controle possível dos sintomas e a melhoria na qualidade de vida.